A existência terrestre é uma viagem educativa. 
Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice, para renovar-se, além da morte. 
Repara, pois, como segues. 
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Não te agarres aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que te faças valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a ti mesmo. 
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Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que se jungem, desorientados. 
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Não reclames devotamento do próximo e, sim, ama e auxilia a todos os que se aproximem de ti, para que teu amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo.
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Muitos peregrinos enlouquecem o coração no mel envenenado das afeições doentias e demoram-se longos séculos na corrente viscosa do charco. 
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Não prossigas viagem guardando ressentimento, para que não aconteça te prendas impensadamente aos labirintos do ódio. 
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Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo. 
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Recorda que iniciaste a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontraste carinhosos braços de mãe que te embalaram, amparando-te em nome do Eterno. 
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Lembra-te de que nada possuis, à frente do Pai Celestial, senão tua própria alma, e, por isso mesmo, só em tua alma amealharás o tesouro que a ferrugem não consome e as traças não roem. 
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Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições. 
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O caminho do mundo que atravessas cada dia é apenas escola. 
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Teus afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das tuas. 
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Segue sem imposição, sem preguiça, sem queixa e sem exigência. 
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O corpo é o teu veículo santo. 
Não lhes conspurques a harmonia. 
A experiência é tua instrutora. 
Não lhe menosprezes o ensinamento. 
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O próximo de qualquer procedência é teu irmão. 
Não o abandones. 
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O tempo é o empréstimo divino que recebeste do Céu, para a edificante peregrinação. 
Valoriza-o com o teu aprimoramento no amor e na sabedoria. 
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E aceitando Jesus por Mestre, em teus passos de cada hora, guarda a certeza de que, em breve, atingirás a alegria do sublime retorno ao divino lar.
Emmanuel
(XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Araras,, SP: IDE, 1978, cap. 8)
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