Reflexões
sobre Causas e Efeitos
Assaruhy
Franco de Moraes
No
caminho para a luz, o Espírito adquire débitos que são gerados por
conta da inconsequência e da visão deturpada sobre como
percorrê-lo.
Navegamos pelos mares do egoísmo, aportamos na enseada
do materialismo, caminhamos pelas terras do fanatismo, vencemos as
tempestades da intolerância, passamos pela influência das trevas;
são tantos os obstáculos e muitas vezes, perdemos muito tempo até
que a razão prevaleça.
Nesse
processo, o Espírito contabiliza faltas e assume responsabilidades,
mas, na medida em que o tempo passa e as lições vão ensinando a
viver, a realidade começa a sair fora das brumas do erro e se torna
nítida diante da verdade.
De
todas as fases do processo de regeneração espiritual, o momento da
verdade é provavelmente a mais crucial e nesse momento, não se tem
mais desculpas para a incidência de erros, nem justificativas para
atos menores, é a solidão da consciência e a convergência das
lágrimas. É o momento em que o Espírito anseia pela regeneração
e procura conhecer as formas de conseguir esse intento.
No
livro Chico Xavier Pede
Licença, Emmanuel nos
conta, no Cap. 19 –
Desencarnações
Coletivas –
fatos elucidativos
sobre as relações de causa e efeito nas mortes coletivas, que são
resultantes da expectativa espiritual pela regeneração, verdadeiros
passaportes para a luz.
O
nosso bom amigo nos diz que quando o Espírito tem consciência de
suas responsabilidades diante da vida, roga ao Pai os meios de
resgatá-las devidamente.
Faz-se
importante lembrarmos que é no momento da verdade, que o resgate
tem sua maior força e eficácia, é nesse momento que o devedor tem
condição de entender o porque de suas dores e justificá-las para
si mesmo, sem que se defronte com as sombras da revolta, que só
tenderiam a empurrá-lo para uma longa espera por outra
oportunidade..
É
quando encontramos dolorosos casos em que milhares de pessoas são
arrastadas pela voragem das guerras, vítimas indefesas de saques
compelidas a experimentar dores que semearam em seu passado.
São
vítimas de epidemias arrasadoras, respondendo pelos erros de
corrupção que prejudicaram irmãos que nelas confiaram; almas
comprometidas com os anseios de ouro e poder, agora vítimas de
violências na partilha de terras e bens, ao preço de sangue e
lágrimas.
Fala-nos
ainda Emmanuel, em elucidativo relato, sobre as mortes coletivas em
incêndios terríveis, que podem ser por explosões, atentados,
acidentes, refletindo um passado onde corsários ateavam fogo em
navios e cidades, na busca da pilhagem fácil.
Todavia,
todas essas explicações só fazem sentido, se entendidas na
mecânica da reencarnação, caso contrário, difícil será entrever
a justiça em cada evento reparador e perceber que se criamos a
culpa, também escolhemos a forma de repará-la.
Finaliza
o Mentor espiritual, dizendo que nunca ficamos sem a presença da
Misericórdia Divina e que o sofrimento é sempre reduzido ao mínimo.
Não
existem regras fixas de tempo entre a causa (falta) e o efeito
(resgate), o que vale é a capacidade que as almas endividadas têm
para entender sua situação e tirarem o melhor proveito da lição
que receberem.
Em
Crônicas de Além
Túmulo, Humberto de
Campos reporta-nos sobre o incêndio de um circo em Niterói, RJ em
1961, uma dolorosa tragédia com centenas de mortes de adultos e
crianças, que agora vítimas, foram responsáveis, 1784
anos antes, por
queimarem cerca de mil crianças e mulheres cristãs, numa arena de
circo na Gália, ainda na época do Império Romano.
Essas
explicações, certamente, não devem ser recebidas para que tenhamos
menos comoção diante da tragédia de nossos irmãos, agora em
resgate. A finalidade de conhecermos essas relações de causa e
efeito, é para que possamos entender o porquê dos tristes eventos
corretores, aceitando a presença da justiça divina exatamente onde
parecer que ela está ausente.
Assim,
precisamos refletir diante da violência e dor dos desastres que nos
comovem e traumatizam a opinião pública. Nossa melhor contribuição
para esses fatos, deve ser a prece sincera pelos irmãos em prova e
pelos de suas convivências, para que se fortaleçam na esperança do
reencontro em dias melhores.
Publicado em O BOLETIM Informativo do Centro Espírita Bezerra de Menezes - Junho 2012