APRENDIZAGEM PELA DOR
Referes-te à dor como se ela te constituísse punição imerecida, injustificável interferência nas atividades da tua existência.
Armas-te de revolta e investes contra o sofrimento, tombando em crises de desequilíbrios e alucinações em decorrência de enfoques defeituosos e em face ao atavismo utilitarista que te assinala a vida.
A dor, no entanto, resulta de uma necessidade imperiosa de evolução.
Sem ela dificilmente conseguirias bendizer a felicidade, da mesma forma que, sem o concurso da sombra não te darias conta da elevada mensagem da luz. Não conhecendo a enfermidade sentir-te-ias sem condições de valorizar a saúde.
A dor pode ser considerada como um fórceps, de que se utiliza a vida para arrancar belezas nas almas calcetas, que jazem prisioneiras das couraças do primitivismo ancestral. Quando, no entanto, o ser é dúlcido e acessível, a dor nele funciona como acordes de uma balada sublime de amor.
Com o seu concurso nascem os heróis e se forjam os santos; faz-se companheira dos caracteres nobres e é a irmã da reflexão, cujo concurso invoca ao instalar-se no imo da criatura humana.
Até aqui a dor tem sido considerada apenas do ponto de vista negativo, transformando-se numa espada de Dâmocles sempre ameaçadora, prestes a tombar, fatalmente, sobre os que lhe sofrerão, inertes, a conjuntura destrutiva...
Examinem-se as vidas dos artistas do pensamento e das artes, consultem-se as existências superiores dos mártires e dos apóstolos de todo os tempos e de todos os fastos históricos, e logo se encontrará o buril da dor trabalhando-os e embelezando-os, a fim de que a sensibilidade deles, apurada, pudesse erguer-se às regiões onde predominam a beleza e a inspiração, de lá transferindo-se para os olhos, os ouvidos e os montes do mundo sensorial, transformando-se em estímulos à ascensão e à liberdade.
Interroguem-se as mães e os lidadores das ciências como lograram atingir as cumeadas do ministério e se descobrirá a dor na condição de alavanca impelindo-os para a frente.
O diamante arrancado do seio generoso da terra somente resplandecerá após a lapidação.
Não te consideres em desdita, porque a dor-provação te alcança, concitando-te a regularização dos débitos pretéritos que trazes contigo.
Não te desesperes ante a dor-surpresa, injustamente denominada tragédia ou infortúnio, dela retirando os recursos da edificação intima. Compreenderás, desse modo, que a vida física é experiência rápida, e que a aparente vitalidade orgânica, a segurança e as conquistas que se disputam, na Terra, são sempre bens muito transitórios, desaparecendo de um momento para outro. Assim preparar-te-ás para considerar a existência como um rápido capítulo do livro da vida imperecível....
Jesus, que não possuía débitos, ensinou-nos a técnica de superação da dor, entregando-se em caráter de total tranqüilidade às determinações divinas, mediante o sofrimento por amor, já que a dor faz parte do programa de ascensão, na Terra, irmã e benfeitora que deverás receber como dádiva superior para felicidade que lograrás agora ou mais tarde.
JOANA DE ÂNGELIS
( página psicografada pelo médium Divaldo P.Franco, no Culto Evangélico do lar da Sra. Maria da Penha de Araújo, na noite de 14.10.1977, no Rio de Janeiro-RJ).
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