domingo, 24 de janeiro de 2010

PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA E DO FERMENTO

“O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda (1), que um homen tomou e lançou ao seu campo.
Esse grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois, de crescida é a maior das hortaliças, e se faz arvore, de tal modo que as aves vêm fazer ninho em seus ramos.
O reino dos céus é semelhante ao fermento (2),
uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que ficasse levedada toda massa."
(Mat., 13:31-33)
Temos aqui mais duas parábolas pequeninas no texto, mas encerrando ensinamentos de grande relevância .
Em ambas, o reino dos céus é comparado aos fenômenos do crescimento e da expansão.
O grão de mostarda (1), tomado como símbolo na primeira, é, de fato, uma semente minúscula; mas, uma vez lançada à terra, auxiliada pela umidade, germina, deita raízes, através das quais assimila os elementos de que necessita . Projeta-se então para o ar livre,e já agora, aos bafejos da luz e do calor solar, ramifica o seu caule, emite folhas, vai se desenvolvendo mais e mais, até que reproduz a planta de onde proveio, tornando-se a maior das hortaliças, em cuja ramagem as aves podem pousar e até fazer os seus ninhos.
Assim acontece com a implantação do reino dos céus na alma humana.
Seja por indiferença religiosa, ou outras razões quaisquer, leva algum tempo para que ela adquira condições de receptividade favoráveis a tal evento. Mas, sentido que seja esse avivamento interior, com a assimilação do Evangelho em espírito e verdade , um incoercível impulso de ascensão marca-lhe novos rumos à existência.
Embora presa às inibições do erro e da imperfeição, vislumbra nos altos cimos as esferas resplandecentes e gloriosas onde outras almas, mais evoluídas, gozam a plenitude da felicidade, e essa visão encoraja-a, empolga-a, dando-lhe forças para trabalhar, sem esmorecimento, no próprio crescimento.
O estudo e a pesquisa dilatam-lhe os horizontes de percepção; adquire uma fé viva e inabalável, porque é baseada no conhecimento; expande-se sua consciência espiritual; o esforço e a boa vontade levam-na às mais esplêndidas realizações no campo do Bem; e assim, num aperfeiçoamento diuturno, vem a constituir-se um ponto de apoio a outras criaturas, que dela se acercam, sequiosas de ajuda e refrigério para os seus males, como as aves buscam repouso na sombra amena e acolhedora do arvoredo.
Dia virá em que, de expansão em expansão, chegará a igualar-se ao divino modelo, tornando-se, então, uma alma cristianizada.
O fermento (2),a que se referiu o mestre na segunda das parábolas em análise , colocado igualmente, em pequena porção na massa de farinha, faz que, depois de algum tempo, toda ela fique levedada, determinando-lhe o crescimento, sem o que o pão se tornaria pesado, indigesto, e portanto impróprio para o consumo, pelas fermentações e perigosos males que produziria no organismo.
O Entendimento Espiritual, semelhantemente, produz profunda e substancial modificação sobre todos os elementos da alma humana, transformando-os em preciosos fatores à Evolução.
Fá-la compreender que uma estreita solidariedade nos liga uns aos outros, que é ilusório querer-se avançar sozinho, pois o que não beneficia a todos, não beneficia realmente a ninguém.
Sem ele, porém, enceguecida pelos egoísmos pessoais, de classes e de raças, a Humanidade, desvirtuando o uso dos conhecimentos que possui, poderá resvalar para o abismo e para o caos, na mais terrível hecatombe de todos os tempos.
"Ainda que eu penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas, se não tiver caridade, nada sou" — disse São Paulo (I Cor., 13:2).
Busquemos pois a Sabedoria, porquanto toda ciência é útil, mas busquemos em primeiro lugar aquilo que nos possibilite ajudar e servir ao próximo.
Assim fazendo, estaremos edificando, desde já, o reino dos céus em nossas almas.

Do livro de Rodolfo Calligaris : Parábolas do Evangelho à Luz do Espiritismo (os grifos são nossos)



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