sábado, 16 de janeiro de 2010

PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO




"O reino dos céus — disse o Cristo — é semelhante a um homem que semeou (2) boa semente (3) no seu campo (1). Mas, enquanto os servos dormiam, veio um inimigo (5) dele, semeou joio (4) no meio do trigo e retirou-se.
Quando a erva cresceu e deu fruto, então apareceu também o joio.
Chegando os servos ao dono do campo, disseram-lhe:
- Senhor , não semeaste boa semente no teu campo ? Donde , pois, vem o Joio ?
E ele lhes disse:
- Homem inimigo é que fez isso.
Os servos continuaram:
- Queres, então, que o arranquemos?
- Não — respondeu ele —, para que não suceda que, tirando o joio, arranqueis juntamente com ele também o trigo. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros:
- Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar, mas o trigo, recolhei-ono meu celeiro." (Mat, 13:24-30)
A significação dessa parábola parece-nos de uma nitidez meridiana.
O campo somos nós, a Humanidade(1) ; o semeador é Jesus (2) ; a semente de trigo , o Evangelho (3) ; a erva má , as interpretações capciosas de seus textos (4); e o inimigo , aqueles que as têm lançado de permeio com a lídima doutrina cristã (5).
Mal o Divino Mestre fizera a boa semeadura, pregando e exemplificando o amor entre os homens, como condição indispensável ao advento de um clima de entendimento fraterno no mundo, eis que os supostos herdeiros de seu apostolado, açulados pelo egoísmo e pelo or-gulho, começam a criar questiúnculas e dissensões.
A Religião do Bem, objeto de sua missão terrena, de uma simplicidade incomparável, fragmenta-se em dezenas de religiões, mais ou menos aparatosas, com sacerdócio organizado, sustentando dogmas ininteligíveis, preconizando e mantendo cultos pagãos, exterioridades grotescas...
Surgem facções e subfacções, incriminando-se reciprocamente de heréticas, heterodoxas, etc., e as que se tornam mais poderosas procuram eliminar as outras, afogando-as em sangue, aníquilando-as nas torturas e nas chamas das fogueiras. . .
E assim, em nome daquele que fora a personificação da tolerância, da bondade e da doçura, séculos pós séculos, a discórdia lavra pela Terra, os filhos do mesmo Deus empenham-se em lutas fratricidas, e milhares de vitimas sucumbem, aos golpes da mais estúpida e feroz odiosidade que há incendiado os corações humanos!
Como pôde esse joio nascer e crescer de mistura com o bom trigo? É que , segundo a palavra de Jesus, os servos "dormiram", isto é, deixaram de "orar e vigiar", permitindo, assim, que o erro ganhasse raízes.
Contemplando essa confusão religiosa, muitos se admiram de que a Providência não atenha eliminado do globo. Esse dia, entretanto, chegará.
O joio, ao brotar, é muito parecido com o trigo e arrancá-lo antes de estar bem crescido seria inconveniente, por razões óbvias. Na hora da produção dos frutos, em que será perfeita a distinção entre ambos, já não haverá perigo de equívoco: será ele, então, atado em feixes para ser queimado.
Coisa semelhante irá ocorrer com a Humanidade.
Aproxima-se a época em que a Terra deve passar por profundas modificações, física e socialmente, a fim de transformar-se num mundo regenerador, mais pacífico e, consequentemente, mais feliz.
Quando os tempos forem chegados, todos os sistemas religiosos, que se hajam revelado intolerantes e opressores, cairão reduzidos a nada, e todos quantos não se afinem com a nova ordem de coisas, conhecerão o "fogo" da expiação em mundos inferiores, mas de conformidade com o caráter de cada um.
Por outro lado, as almas avessas à guerra, à maldade, ao despotismo, enfim a tudo quanto tem impedido o estabelecimento da fraternidade cristã entre os homens de todas as pátrias e de todas as raças , estas hão de merecer o futuro lar terrestre , higienizado em sua aura astral e equilibrado em suas condições climáticas, gozando, finalmente , a paz, a doce e alegra paz, de há muito prometida às criaturas de boa vontade.

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