o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem;"
Mateus, 5: 43-44
Allan Kardec nos ensina que amar os inimigos não é ter-lhes uma afeição que não está em nossa natureza, nem tê-los na mesma proporção de amigos fraternos.
O ideal seria não classificá-los, sequer, como inimigos, mas sim, no dizer de Emmanuel, irmãos com os quais ainda não estabelecemos boa sintonia.
Kardec ensinando, nos faz ver que a primeira etapa para acertarmos essa falta de sintonia, é exatamente a intenção de não guardarmos ódio, nem rancor, não imaginarmos situações de vingança que nos dêem prazer ou mesmo alegria, quando algo de ruim acontece com os nossos antagonistas. É nunca opor obstáculos à reconciliação e sempre lhes desejar o bem, nunca o mal, retribuindo o mal com o bem sem humilhá-los, perdoando-os SEM PENSAMENTOS OCULTOS E SEM CONDIÇÕES.
Não seriam esses aspectos provas de amor? Aquele amor universal, orientado por Deus, para que tenhamos respeito pelos nossos semelhantes? Perdoar é amar. Quem perdoa oferece o coração, vence obstáculos, supera barreiras, criando condições para que, a nosso turno, sejamos também perdoados. Seguir Kardec não é exatamente isso?
Muitos, comodamente, dizem que só Deus perdoa, mas na verdade, quando dizem isso, estão transferindo para o Pai, um gesto de grandeza que só a eles cabe... Como pode ser entendido que Deus perdoa em nome de alguém, uma ofensa que esse alguém recebeu? E o valor individual, onde está?
É certo que Deus perdoa, mas isso ocorre em uma outra escala de valores. Quem ofende, ofende ao próximo e à lei de Deus. Logo, é preciso que as partes se ajustem, se entendam, e aí, sim, ante o crescimento mútuo, o Pai reconhece o esforço e certamente concede o perdão.
Amar os inimigos é identificar aquilo que nos separa e orar para que nos libertemos dessa mácula que nos impede o progresso. É tolerar para que sejamos tolerados.
O perdão, em si, não tem muita eficácia se não for acompanhado de um contrito entendimento de que os erros precisam ser corrigidos e nunca mais repetidos.
Jesus nos pede que amemos os inimigos, na mesma linha de conduta com que nos incentiva ao amor recíproco, que não façamos aos outros aquilo que não desejamos deles receber.
André Luiz, na obra Sinal Verde, diz que “... Se Jesus recomendou amarmos os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração.” Creio que nessa frase fica muito claro o que significa amarmos os inimigos.
É nesse sentido que Kardec, nossa grande referência, ensina que amar os inimigos, “não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.”
Conta-se que certa vez, um homem chegou até José de Anchieta e perguntou:
- Padre, como posso perdoar meu inimigo?
Ao que o missionário respondeu:
Assaruhy Franco de Moraes
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