quarta-feira, 3 de junho de 2009

ORA E PROSSEGUE

Penso entender-te, coração amigo:
Quando o dia flameja
E a Terra Benfazeja
Parece um colo maternal,
Trazes contigo a dor inexplicável
De quem carrega em si, na alma indisposta,
A inquietação do pássaro que arrosta
Os flagelos de longo temporal...

Atravessaste estradas espinhosas,
Duras tribulações de caráter violento,
Trechos de desencanto e sofrimento,
Veredas de amargor...
Não te entregues, no entanto, a lamentos inúteis,
A queixa acende fogo em palavras vazias,
Mergulhando-te os dias
Em desespero arrasador.

Ante o barulho das questões humanas,
Mesmo nas que te firam a pessoa,
Afasta-te do mal, serve e perdoa,
Não te prendas às teias do pesar...
Recorda: toda nuvem surge e passa,
Sob o tempo, em carreira desmedida,
Como a dizer que a vida
Pede mais esquecer do que lembrar

E hajam crises ou não pelo caminho,
Ergue um templo à oração no próprio peito,
Resguardando na fé o campo eleito
Dos teus sonhos e anseios tais quais são;
E reterás contigo o lúcido recanto
Da verdade que ampara, eleva e ensina,
Encontrando, na paz da Luz Divina,
A voz dos Céus no próprio coração.


Maria Dolores

Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Livro: Sentinelas da Alma

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