sexta-feira, 5 de março de 2010

PARÁBULA DA REDE



“Finalmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar e apanhar peixes de toda a espécie.
Depois de cheia, os pescadores puxaram-na para a praia, e, sentados, puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins.
Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes”.
Mat,13:37-50.



Em que pese à doutrina das igrejas tidas como ortodoxas, que afirma seremos salvos ou condenados segundo aceitemos ou rejeitemos a Jesus Cristo, pessoalmente, como nosso salvador, esta edificante parábola - a última de uma série de sete, proposta pelo Mestre a seus discípulos - nos ensina , uma vez mais, que nossa aceitação ou rejeição no reino dos céus depende tão só e unicamente do cumprimento ou negligência dos nossos deveres de amar e servir a Humanidade.
A simples crença ou incredulidade no poder de salvação pelo sangue do Cristo, em que essas igrejas põem tanta ênfase, não têm a mínima influência na determinação de nossa sorte.
Admitido que assim fosse, a maioria da Humanidade estaria perdida, pois o Cristianismo só é conhecido e (mal) praticado por menos de um terço da população mundial.
A aceitação do Cristo como nosso redentor só tem eficácia quando se traduz em um esforço sincero e constante no sentido de reproduzir-lhe o espírito em nossa própria vida, ou seja, quando procuramos modelar o nosso caráter pelo Seu, pautando nossa conduta pelas diretrizes do evangelho.
Aliás, todo o Novo-Testamento está repleto de passagens que estabelecem categoricamente que o julgamento dos homens será baseado em seus feitos e não em sua fé.
A expressão “fim do mundo” usada pelo mestre, não deve ser tomada em sentido absoluto, porque a Terra e todos os planetas do Universo são obras de Deus, e elas não foram feitas para morrer.
Significa, apenas, o fim deste ciclo evolutivo da Humanidade terrena, com o desaparecimento de todos os seus usos , costumes e instituições contrárias à moral e à Justiça.
È o fim do mundo velho, com suas confusões, suas discórdias, seus convencionalismos, suas iniquidades sociais, seus ódios, suas lutas armadas, e o advento de um mundo novo, sob a égide da verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, do amor, da paz e da fraternidade universal.
Os anjos são os Mentores Espirituais deste planeta, que velam pelo seu destino, aos quais estará afeta a expulsão dos maus: os açambarcadores, os avarentos, os déspotas, os corruptores, os devassos, os desonestos, os exploradores, os hipócritas, os ladrões, os libertinos, os maldizentes, os orgulhosos, os sanguinários, enfim todos os que tenham feito mau uso de seu livre arbítrio e hajam malbaratado as inúmeras oportunidades que lhe foram concedidas (através das reencarnações) para a realização de seu progresso espiritual.
A rede representa a Lei de Amor, inscrita por Deus em todas as consciências , e os peixes de toda a espécie apanhados por ele são os homens de todas as raças e de todos os credos, que serão julgados de acordo com as suas obras.
O texto é claríssimo nesse ponto, não deixando margem a qualquer dubiedade: “...e puseram os bons em cestos, deitando rora os ruins”.
Quando, pois, o ciclo se fechar, a sorte dos justos será passar a um plano “á direita do Cristo”, plano que aqui será implantado no correr do terceiro milênio, constituído de almas cristãs afeitas ao bem, onde fruirão de imperturbável felicidade .


E a dos maus, a serem lançados na “fornalha de fogo”, símbolo dos mundos inferiores, de expiação e de provas,onde terão que se depurar, entre lágrimas e dores, até que mereçam acesso a uma esfera melhor.



Do livro do Rodolfo Calligaris – Parábolas Evangélicas a Luz do Espiritismo

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